Repescando a sapiência da colega Sandra na proliferaçao de frases oportunuas, resolvi postar sobre o valor comercial de um aluno de enfermagem.
"As coisas que tenho de ouvir para ter a um diploma!!"
Terá sido mais ou menos nestes termos, que a nossa colega, durante uma viagem para o C.S de Castro Verde se refriu, a propósito de um acontecimento ocorrido( poderá ser intitulado de Smell in your face), à sua/nossa condição ingrata de estudante de enfermagem.
Reflectindo sobre isto, depois de um refresh memory feito pela colega Sara, vou registar para aqui, no Baú das memórias, dois episódios ocorridos em ensino clínico e que, considero serem elucidativos do valor de um aluno de enfermagem.
Episódio 1 - A determinada altura do ensino clínico 1 (1ºano/1ºsemestre), realizado num determinado serviço de medicina, num determinado hospital, vivia-se (continua-se a viver?!) um periodo de crispação entre alunos de enfermagem vs. auxiliares de acção médica.
Se é verdade que nesta altura eramos "uns burros vestidos" no que à enfermagem diz respeito, também era verdade, que tinhamos todos pelo menos 18 anos e portanto, não eramos propriamente estúpidos e ignorantes no que respeita à vida.
O episódio em concreto, passou-se quando eu tentava, a muito custo, fechar uma estúpida cadeira de rodas (3 anos depois continua a ser estúpida), que não se queria fechar.
Observando este duelo de titãns, uma muy nobre e inteligente (tipo com 150 QI) sra. auxiliar de acção médica (A.A.M) encostada numa ombreira de uma porta da enfermaria, afirma convicta :
"Cortava o meu pescoço com uma faca, se não conseguisse fechar essa cadeira!"
Eu, na minha posição de elemento mais novo , localizado na base de toda a cadeia alimentar que é um hospital, desisti do combate e dei rédias à sra. A.A.M.
O duelo tinha agora novos protagonista...agora era aquela senhora que se debatia com a cadeira...
Alguns tempo depois, encostado no meu canto a ver a cadeira ser pontapeada até à quase destruição, com vós tímida mas sarcásticamente perguntei à sra. A.A.M: "Quer que vá buscar a faca!!"
Obviamente que a cadeira venceu o duelo (ainda hoje a bendita cadeira teima em não se fechar!); Eu expremi o que tinha engasgado; A sra. A.A.M entregou as armas.
Moral do episódio 1 - Em ensino clínico (pelo menos até ao 3º ano), os alunos de enfermagem são sempre as presas do A.A.M e são sempre seus subserveniente. (Quem vai buscar, aplicar, lavar, tapar com um papelinho e despejar na sala de sujos a arrastadeira e urinol é o aluno; quem supervisiona o processo é a A.A.M!)
Episódio 2 - Mais um episódio que mostra bem o que valemos e que deverá ainda hoje estar retido na memória de todos. Mais um mito que se veio a provar ser realidade.
No mesmo hospital do episódio anterior mas, já no 2º/2º, eis que é emanada uma "recomendação" (entenda-se ordem" pela administração desse referido hospital e que constava em traços gerais do seguinte: Os alunos (entenda-se nas entrelinhas: que por serem a classe mais despresível de um hospital) deveriam comer fora do horário de refeição dos "PROFISSIONAIS" do hospital, isto é, comer antes 12h às 12h30m ou das 14h às 14h30 já que, "ocupavamos" muitos lugares, fazia-mos grandes filas e, consequentemente, os referidos "PROFISSIONAIS" atrasavam-se.
Na minha opinião, das duas uma:
- Ou o aluno de enfermagem é um bixo muito feio e causa naúseas e vómitos aos srs. "PROFISSIONAIS" e, sendo assim, devem pedir ao seu médico de família uma metoclopramida 1cp perós antes das refeições;
- Ou os alunos de enfermagem "andam ali a brincar" e, deste modo, não precisam de se alimentar, apenas "petiscar" e devem deixar o refeitório, assim como as horas de almoço, para quem realmente trabalha.
Utilizando a mítica frase da EuroNews: No comments, termino este post com a foto da moeda de 1 cêntimo.
P.S - Reflexão: A moeda de 1 cêntimo está para a vida como o aluno de enfermagem (pelo menos até ao 3º ano) está para os funcinários do hospital. Todos o vêm, pisam-no, mas ninguém se curva para lhe pega, pois não vale de nada!!.